A música de Arvo Pärt é caracterizada por sua humildade, simplicidade e caráter devocional, nenhuma destas qualidades nunca foi tão bem capturada como neste álbum. A composição que o abre "Spiegel Im Spiegel" ( a versão inicial ao meu ver é a melhor das três) é uma das peças de música mais perfeitas que já ouvi na minha vida. Pensei que nunca encontraria algo que ao mesmo tempo fosse tão simples, mas também mais profundo que qualquer outra manifestação artística das quais já pude apreciar. A faixa seguinte, "Für Alina", é uma delicada peça para piano com apenas duas páginas e a seguinte instrução: "pacificamente, de uma maneira exaltada e introspectiva"
A obra não contém marcações de tempo e as notas em si possuem durações que são decididas pelo próprio intérprete. Por tais motivos a música tende a ser lenta e o foco se mantém nas ressonâncias naturais (o pedal do piano só é solto no final da peça). O que obviamente chama mais atenção é o fato de parecer ouvirmos sinos sendo tocados em um horizonte distante, tal efeito é produzido pela técnica de composição de Arvo Pärt conhecida como "Tintinnabuli" (usada também em "Spiegel Im Spiegel" e outras peças), criada após suas experiências místicas com canto gregoriano e o próprio som transcendental dos grandes sinos. A explicação teórica para esta técnica talvez eu dê em alguma postagem num futuro próximo, por que no momento a beleza destas obras supera qualquer explicação terrena. Ouçam!
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